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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Relacionando juízos Analíticos, Sintéticos, a Priori e a Posteriori em Kant.

 

Para Kant, todo o nosso conhecimento começa com a experiência. Ele é despertado pelos objetos que pressionam os nossos sentidos, produzindo suas próprias representações em cada um de nós. Sugere então a possibilidade de que o nosso conhecimento da experiência esteja um pouco misturado, composto daquele múltiplo recebido pela pressão dos objetos sobre os nossos sentidos e um pouco do nosso próprio poder de conhecimento, derivados não imediatamente da experiência, mas de uma regra geral, como uma função que condiciona universalmente qualquer conhecimento sensível ou intelectual. Se há tal conhecimento absolutamente independente de toda a experiência que existe, ele se denomina a priori, que são distintos dos conhecimentos empíricos, resultantes das impressões dos sentidos, estes, a posteriori, cuja origem se encontra na experiência. A experiência nos ensina que algo constituído deste ou daquele modo pode ser diferente em nova situação, qualquer resultado não implica contradição. Logo, a experiência não é capaz de produzir juízos verdadeiros com rigorosa universalidade, mas somente proposições (e aqui destacamos uma pausa para a linguagem, o múltiplo das entidades linguísticas, dos termos), relevadas de arbitrária validez. Contudo, podemos supor e comparar, por indução, também a partir de princípios, em eventos que até o momento não apresentaram nenhuma exceção às regras estabelecidas, juízos pensados com rigorosa universalidade e necessidade, características de um conhecimento puro a priori. Para estes, Kant cita os exemplos das proposições matemáticas e a afirmação exemplar “que toda mudança deva ter uma causa [juízos sintéticos a priori]. Nela constatamos uma universalidade da regra e uma necessária conexão com o efeito.


            Segundo Kant, nos juízos em que há uma relação entre sujeito e predicado, esta relação acontece de dois modos: juízo analítico [parte dos primeiros princípios, não agrega conhecimento: p->q], há nele uma relação de identidade, o predicado está contido no sujeito e a este não se acrescenta conhecimento; e juízo sintético [dirige-se para os primeiros princípios, agrega conhecimento: pΛq], não há nele uma relação de identidade, o predicado não está contido no sujeito e a ele acrescenta conhecimento. 1. O primeiro se ocupa, em grande parte, do desmembramento de conceitos que já possuímos a respeito dos objetos, ou seja, na maior parte do tempo estamos esclarecendo ou explicando o que já foi pensado, de forma que aqueles conceitos que possuímos não se ampliam, apenas são analisados, desmembrados em conceitos parciais. Kant utiliza o exemplo “todos os corpos são extensos”. Nele encontramos uma estreita conexão entre extensão e conceito [entidades mentais] ligado à palavra corpo, múltiplo de conteúdos, onde já se encontra a própria noção do predicado. 2. Ao segundo, o predicado agrega conhecimento ao termo sujeito, algo que não era pensado nele, que dele não pode ser extraído, desmembrado. Exemplifica “todos os corpos são pesados”. O termo predicado é diverso do conceito do termo sujeito em geral, há um acréscimo de conhecimento e, neste caso, o juízo é sintético [entidades linguísticas]. Os juízos fundados na experiência, a posteriori, são todos sintéticos, contingentes. Ao contrário, os juízos analíticos inferem proposições certas a priori, necessárias, que não fazem uso da experiência, pois já estão contidas no conceito do termo sujeito as condições para o seu juízo. Seus conceitos parciais, seus predicados, podem ser desmembrados segundo o princípio da contradição. Mas Kant também relaciona juízo sintético com o conceito de a priori, o que a princípio parece confuso. Como um juízo sintético, fundado a partir da experiência, intuído de forma empírica, participa de um conceito a priori, analítico, dado ao desmembramento de conceitos e que dispensa toda a experiência? Segundo ele, algo acontece na intuição pura, um terceiro elemento que se apresenta entre o conceito e a síntese, onde ocorre a representação do múltiplo da intuição empírica, mediada pelo pensamento. No princípio sintético puro o múltiplo não é dado empiricamente, mas a priori como as formas puras da sensibilidade [tempo e espaço], onde a intuição se faz imediata, nele repousa todo conhecimento especulativo a priori, necessários para a clareza dos conceitos e para uma síntese segura e vasta, assim como para uma nova aquisição de conhecimento.

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