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domingo, 22 de junho de 2014

Pedro Abelardo – Lógica para principiantes I

Lógica para principiantes[1] – A Lógica.

£1) Boécio distingue três espécies de filosofia:

1. Especulativa (investiga a natureza das coisas);
2. Moral (investiga a dignidade da vida);
3. Racional (a lógica - que se ocupa de compor argumentações).

£2) Sobre a filosofia Racional, a lógica (λόγος):

A lógica ordena os termos simples (palavras) > proposições > argumentações.

[digressão I] Coligidos no séc I com o nome de Organon, os tratados de Aristóteles (o fundador da lógica no ocidente) buscam ordenar o conhecimento lógico. Enquanto Aristóteles privilegia o estudo do silogismo, que versa sobre as relações que ocorrem entre três termos. Outra escola, a megárico-estóica, que surge por volta do séc III (a.C.), com Crisipo, volta sua atenção para os enunciados (p e q), focalizando tanto a distinção entre válido (V) e verdadeiro, quanto a distinção entre argumento e enunciado. Com o tempo, as duas escolas se misturam.

O Organon, Aristóteles (obra reunida):

1. As categorias - sobre a Palavra - termo simples (sobre a doutrina dos termos);
2. De interpretatione 'peri hermeneias' (sobre as Proposições);
3. Primeiros analíticos; 4. Segundos analíticos e 5. Tópicos (sobre o Argumento);
6. Reputações sofísticas (argumentações falazes).

O conceito do silogismo aristotélico (primeiros analíticos):

- Silogismo: a forma fundamental de todo raciocínio dedutível. 'Um discurso em que, postas algumas coisas, se seguem necessariamente outras'. Sócrates é animal. Animal é mortal. Logo, Sócrates é mortal.

Observe que se tira um argumento da natureza do gênero ou da espécie, assim também o argumento obtido é confirmado pelo mesmo. Na relação dos termos (os predicáveis), descobre-se o argumento que, em seguida, é confirmado. Espécie = Gênero + Diferença. ‘Sócrates’, indica a natureza da espécie; ‘animal’, indica a natureza do gênero; ‘mortal’, é a diferença (na relação entre os três termos, o silogismo aristotélico).

As partes integrais do silogismo:

- Proposição: enunciado declarativo ou aquilo que é declarado, expresso ou designado por tal enunciado. Surge como uma expressão verbal de uma operação mental (um juízo): 'Sócrates é homem'. (S é P);

- Premissa: toda proposição da qual se infere outra proposição (ou parte de uma inferência). 'Sócrates é homem' (p1): 'O homem é mortal' (p2);

- Inferência: uma conexão entre dois enunciados (ou premissas), sendo o primeiro antecedente, e o segundo consequente: 'Sócrates é homem' (p1) > 'O homem é mortal' (p2);

- Conclusão: indica a proposição final do próprio discurso demonstrativo: 'logo, Sócrates é mortal'

- Argumento: o conjunto de enunciados, um dos quais é chamado de conclusão e o restante de premissas. Aristóteles distingue dois tipos fundamentais de argumentação: a dialética (parte de premissas prováveis) e a demonstrativa (parte de premissas certas e verdadeiras). [ fim da digressão]

Abelardo então retoma Porfírio[2] que prepara uma introdução às Categorias de Aristóteles e trata do que é significado pelas cinco propriedades citadas no livro (os predicáveis = gênero, espécie, diferença, próprio e acidente), que embora tomados um a um sejam infinitos.

Abelardo ainda compara essas cinco propriedades com as oito partes da oração (segundo Prisciano[3]) que seriam: nome, verbo, particípio, pronome, advérbio, preposição, interjeição e conjunção.

£3) A lógica (λόγος): a ciência de descobrir os argumentos e comprová-los (julgando).

1. Descobrir os argumentos pelos quais arguir;

2. Comprovar / confirmar: os argumentos devem ser firmes, não viciosos, "para que não leve ao erro, pelos falsos raciocínios, os excessivamente inconstantes, ao parecer assegurar por suas razões o que não se encontra na natureza das coisas e, muitas vezes, reunindo contrários";

3. E também ciência da divisão, da definição, da dedução e da demonstração utilizadas para confirmar e comprovar os argumentos (quádrupla utilidade).

CONTINUA: Pedro Abelardo - Lógica para principiantes II



[1] ABELARDO, Pedro: Lógica para principiantes; Trad.: Carlos A. R. do Nascimento. Editora Unesp, 2ed. São Paulo.
[3] Prisciano de Cesareia (Mauritânia), importante gramático do século VI (d.C.), autor de Institutiones Grammaticae e  Institutio de nomine et pronomine et verbo.

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