£1) Boécio distingue três
espécies de filosofia:
1.
Especulativa (investiga a natureza das coisas);
2.
Moral (investiga a dignidade da vida);
3.
Racional (a lógica - que se ocupa de compor argumentações).
£2) Sobre a filosofia Racional, a lógica (λόγος):
A lógica ordena os termos simples (palavras) >
proposições > argumentações.
[☆digressão I] Coligidos no séc
I com o nome de Organon, os tratados de Aristóteles (o
fundador da lógica no ocidente) buscam ordenar o conhecimento lógico. Enquanto Aristóteles
privilegia o estudo do silogismo, que versa sobre as relações que
ocorrem entre três termos. Outra escola, a megárico-estóica, que
surge por volta do séc III (a.C.), com Crisipo, volta sua atenção para
os enunciados (p e
q), focalizando tanto a distinção entre válido (V) e verdadeiro, quanto
a distinção entre argumento e enunciado. Com o tempo, as duas escolas se
misturam.
O Organon, Aristóteles (obra reunida):
1. As
categorias - sobre a Palavra - termo simples (sobre a doutrina dos termos);
2. De
interpretatione 'peri hermeneias' (sobre as Proposições);
3.
Primeiros analíticos; 4. Segundos analíticos e 5.
Tópicos (sobre o Argumento);
6.
Reputações sofísticas (argumentações falazes).
O conceito do silogismo aristotélico (primeiros
analíticos):
- Silogismo: a forma fundamental de todo
raciocínio dedutível. 'Um discurso em que, postas algumas coisas, se seguem
necessariamente outras'. Sócrates é animal. Animal é mortal. Logo, Sócrates é
mortal.
Observe que se tira um argumento da natureza do gênero
ou da espécie, assim também o argumento obtido é confirmado pelo mesmo. Na
relação dos termos (os predicáveis), descobre-se o argumento que, em seguida, é
confirmado. Espécie = Gênero + Diferença. ‘Sócrates’, indica a natureza da espécie; ‘animal’,
indica a natureza do gênero; ‘mortal’,
é a diferença (na relação entre os três
termos, o silogismo aristotélico).
As partes integrais do silogismo:
- Proposição: enunciado declarativo ou aquilo
que é declarado, expresso ou designado por tal enunciado. Surge como uma
expressão verbal de uma operação mental (um juízo): 'Sócrates é homem'. (S é
P);
- Premissa: toda proposição da qual se infere
outra proposição (ou parte de uma inferência). 'Sócrates é homem' (p1): 'O
homem é mortal' (p2);
- Inferência: uma conexão entre dois enunciados
(ou premissas), sendo o primeiro antecedente, e o segundo consequente:
'Sócrates é homem' (p1) > 'O homem é mortal' (p2);
- Conclusão: indica a proposição final do
próprio discurso demonstrativo: 'logo, Sócrates é mortal'
- Argumento: o conjunto de enunciados, um dos
quais é chamado de conclusão e o restante de premissas. Aristóteles
distingue dois tipos fundamentais de argumentação: a dialética
(parte de premissas prováveis) e a demonstrativa
(parte de premissas certas e verdadeiras). [★
fim da digressão]
Abelardo então retoma Porfírio[2]
que prepara uma introdução às Categorias de Aristóteles e trata do que é
significado pelas cinco propriedades citadas no livro (os predicáveis = gênero,
espécie, diferença, próprio e acidente), que embora tomados um a um sejam
infinitos.
Abelardo ainda compara essas cinco
propriedades com as oito partes da oração (segundo Prisciano[3])
que seriam: nome, verbo, particípio, pronome, advérbio, preposição, interjeição
e conjunção.
£3) A lógica (λόγος): a
ciência de descobrir os
argumentos e comprová-los (julgando).
1.
Descobrir os argumentos pelos quais arguir;
2.
Comprovar / confirmar: os argumentos devem ser firmes, não viciosos, "para
que não leve ao erro, pelos falsos raciocínios, os excessivamente inconstantes,
ao parecer assegurar por suas razões o que não se encontra na natureza das
coisas e, muitas vezes, reunindo contrários";
3. E
também ciência da divisão, da
definição, da dedução e
da demonstração utilizadas para confirmar e
comprovar os argumentos (quádrupla utilidade).
CONTINUA: Pedro Abelardo - Lógica para principiantes II
CONTINUA: Pedro Abelardo - Lógica para principiantes II
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