Cap. 1 - a Felicidade
Causa Final: O Sumo Bem: a Felicidade:
Aristóteles define o objeto de sua investigação: o Bem Supremo, a felicidade, “aquilo
a que todas as coisas tendem.” (1094a) [1]
Meios e Fins: deliberamos sobre os meios para alcançar os fins,
nunca sobre os fins. Escolhemos os meios, caminhos que conduzem aos fins, confrontando
razões rivais. O último meio da análise determina a primeira ação e assim por
diante. Trabalhamos com fins parciais, fins menores subordinados a um fim maior,
um fim que lhe é superior (fim fundamental). E assim por diante até alcançarmos
o fim último, a felicidade, o sumo bem.
Cap. 2 – O Sumo Bem: atividade
fim
Para todas as coisas que fazemos existe um fim. Desejamos no interesse
desse fim, desejamos o Bem.
O fim último, o Sumo Bem (ou
a felicidade) é o resultado do modo ordenado com o qual conduzimos todos os
fins. (Livro X).
A finalidade política: alcançar o bem humano. Tal condução exige um
alvo determinado pela política (o bem e o sumo bem). A política
“legisla sobre o que devemos e não devemos fazer, a finalidade dessa ciência
deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano”. (1094b5)
Política (a arte mestra): arte ou ciência da organização para alcançar o bem
humano. Legisla sobre a doutrina do direito e da moral dos indivíduos
pertencentes a polis ou a comunidade.
O indivíduo político, como que regido por um conselho de virtudes, se
lança para a felicidade multiplicando os bens entre seus pares alcançando,
finalmente, o bem para o estado. Ainda que seja bom “para um indivíduo só, é
mais belo e mais divino alcança-lo para uma nação ou para as cidades estados”. (1094b10)
Cap. 3 – Sobre a Ciência Política
“As ações belas
e justas, que a ciência política investiga, admitem grande variedade e
flutuações de opinião.” (1094b15)
Política (por convenção): os acordos são fundamentais nos arranjos políticos. Segundo Aristóteles, há uma enorme flutuação em torno do entendimento do “Bem” e, consequentemente, dos bens
que devemos alcançar. Sugere então ordenarmos o
discurso já que buscamos a precisão para falar de coisas que parecem apenas “indicar
a verdade aproximadamente e em linhas gerais”. E isso só acontece por convenção, quando há um acordo mútuo
sobre a natureza do assunto.
O método investigativo: compreendendo a
importância da influência que cada indivíduo político acrescenta na busca da
verdade, sugere, então, que seja traçado um método de ação investigativo predisposto
a buscar, com precisão, o bem pleno
de sentido.
Discurso Político X Ação
Política: Ainda
que não seja possível exigir provas científicas de um retórico, alerta sobre a
necessidade de que o conjunto argumentativo esteja de acordo com um principio
racional, seguindo determinada coerência lógica, ou seja: que as premissas e
conclusões que compõem a natureza do
assunto estejam ordenadas. O domínio da retórica torna-se essencial no
diálogo político, mas o fim que se tem em vista é a ação e o modo de viver é seguindo
“um após o outro cada objetivo que lhe depara a paixão”. (1095a10)
Cap. 4 – Teoria do Conhecimento
“Todo
conhecimento e todo trabalho visa a algum bem”. (1095a16)
O fim, a felicidade = bem viver e bem agir. É também esse o
objetivo da ciência política: alcançar o bem, o belo, pela ação política. E
o vulgo não concebe o bem do mesmo modo que o sábio. Para os primeiros,
riquezas, honrarias e prazeres bastam; enquanto para os sábios, existe outro bem,
a felicidade, “que é auto subsistente e também é causa da bondade de
todos os demais” (1095a28)
Importância do conhecimento: Como são muitas as opiniões que qualificam o bem,
Aristóteles aconselha seguir o caminho do conhecimento, uma via semelhante a já
apontada por Platão, em Teeteto. No texto platônico, Sócrates alude a certa distinção entre conhecimento (ter, saber, conceber, tocar uma parte do todo) e sabedoria (possuir, conhecer "a conexão, o caminho"), enquanto descreve a dupla caçada de um caçador de "pássaros selvagens", que muito se assemelha a um caçador de conhecimento: "por have-los apanhado e posto num aviário de sua propriedade, de onde os pode retirar e ter quando quiser, agarrando e soltando de novo o que bem lhe parecer". Na infância, a “gaiola está vazia, e em vez de pássaros imaginemos conhecimentos [muitos pássaros voando]. Sempre que alguém adquire conhecimento [um pássaro 'na mão', específico] e o fecha em tal recinto, diz que ele aprendeu ou encontrou a coisa de que isso é o conhecimento, e que nisso consiste, precisamente, o saber.” E arremata: "o aritmético perfeito não conhece todos os números? Pois ele tem na alma o conhecimento de todos eles"[2]
Segundo Aristóteles, Platão costumava
a perguntar: “Nosso caminho parte dos primeiros princípios ou se dirige para
eles?” (1095a33). Compara esse caminho ao dos corredores num estádio que avançam a reta
até um determinado ponto onde se encontra o juíz (a autoridade), e então, pegam
o caminho de volta. Assim, por analogia, explica que alguns argumentos partem
dos primeiros princípios, buscam adquirir (ter) conhecimento; outros, aqueles argumentos
já adquiridos e fundamentados (ajuizados), se voltam para os princípios e, a
partir de então, será possível apreende-los em nova
caminhada.
“O fato é o ponto de
partida” (1095b5). Lembra então que “embora devamos começar pelo que é
conhecido, os objetos do conhecimento são em dois sentidos diferentes: alguns
para nós [relativos], outros na acepção absoluta da palavra [absolutos]” (1095b). Conclui então
que uma boa educação facilita o ponto de partida, aproxima o sujeito da
verdade.
“O fato é a coisa primária ou primeiro princípio” (1098b)
“O começo é mais que a metade do todo” (1098b5)
Cap. 5 – Três estilos de vida
Existem três diferentes modos de viver a vida: 1. Forma vulgar, para aqueles que
identificam o bem ou a felicidade com uma vida de prazeres (emoção); 2. Forma política, para os que identificam
o bem com honras e virtudes; e 3. Forma contemplativa,
plena de atividades virtuosas, conforme a razão, “já que a razão, mas
que qualquer outra coisa, é o homem”. (1178a5)
Autoridade do conhecimento: quanto a forma política, aqueles que buscam a honra
para convencerem-se de que são bons, buscam-na: 1. Entre os
indivíduos de grande sabedoria prática; 2. Entre
aqueles que conhecem; 3. E mais ainda: em razão da virtude.
[1] ARISTÓTELES (348-322 a.C). Metafísica : livro 1 e
livro 2 ; Ética a Nicômaco ; Poética ; seleção de textos de José Américo Motta
Pesanha ; trad. Vincenzo Cocco; -- São Paulo : Abril Cultural, 1979. (Os
pensadores).
[2] PLATÃO. Teeteto, Versão eletrônica do
diálogo platônico; Trad. Carlos Alberto Nunes; digitalização Membros do grupo
de discussão Acrópolis (Filosofia): http://br.egroups.com/group/acropolis/, pg 60.
Continua: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Livro I, cap 6-7
Introdução: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco: Introdução
Texto Completo: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco.
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