Cap. I – Virtude Moral
Virtude: hábito
digno de louvor. Ser virtuoso é meio
caminho para a felicidade. [1]
Para se chegar ao conceito de virtude
perfeita (a melhor e mais
completa), Aristóteles passa a examinar a natureza da virtude moral. Divide, então, a virtude moral em duas espécies:
1. da parte racional da alma,
as virtudes intelectuais, próprias
(dada ao uso razão), ensinada, “requer experiência e tempo”;
2. da parte não racional da alma,
as virtudes morais (dada às paixões),
imbricadas nos costumes, em “resultado do hábito” (1096a20)[2].
Ato e Potência: “Não é por natureza, nem contrariando a natureza que
as virtudes se geram em nós. Diga-se que somos adaptados por natureza a
recebê-las [potência] e nos tornamos perfeitos pelo hábito [ato]” (1096a25).
Potencial virtuoso: Não nascemos naturalmente virtuosos, mas com
potencial para possuir as virtudes. E é praticando atos virtuosos que as
adquirimos: “Adquirimo-las pelo exercício, como também sucede com as artes” (1096a32).
Educando: “Tornamo-nos justos praticando atos justos” (1103b). Devem os legisladores tornar os homens bons
incutindo-lhes bons hábitos desde a juventude.
Cap. II – As virtudes, como praticá-las
Virtude: a
excelência própria de qualquer ação
realizada. A prática virtuosa determina
o caráter de um homem.
A conduta do homem: Aristóteles não
está interessado em saber simplesmente o que é a virtude, mas, sim, procura
investigar a natureza dos atos, aqueles que de forma prática e útil devem ser
praticados para tornar bons os homens, e preocupa-se com o homem particular, pois
a ação individual determina o caráter do sujeito.
O homem particular: cada pessoa
atuante deve “considerar, em cada caso, o que é mais apropriado à ocasião, como
também sucede na arte da navegação e da medicina” (1104a7).
Falta X Excesso. Em toda ação,
manter as coisas em suas devidas proporções é fundamental para que elas
não sejam destruídas. Recorre então ao exemplo da saúde justificando que
alimentos e bebidas devem ser consumidos na medida certa, pois tanto a
deficiência como os excessos prejudicam o corpo.
A regra justa: a mediania preserva
(virtude); a falta e o excesso destroem (vícios). Devemos agir de acordo com a regra justa, a reta razão. No
caso da coragem (uma virtude), o homem que tudo teme é um covarde (falta); e
aquele que não teme absolutamente nada, torna-se temerário (excede).
O hábito atualiza: “tornamo-nos
temperantes abstendo-nos de prazeres, e é depois de nos tornarmos tais que
somos capazes dessa abstenção” (1104a34).
Cap. III – Virtudes, prazeres e dores
A virtude se
relaciona com prazeres e dores: “as
virtudes [morais] dizem respeito a ações e paixões,
e cada ação e cada paixão é
acompanhada de prazer e dor” (1104b14).
Segundo Aristóteles, o prazer e a dor que acompanham
os atos são indicativos do caráter
do sujeito. Os homens que se abstém de prazeres em excesso e se deleitam
com essa abstenção são
temperantes. Já os que se aborrecem, intemperantes. “A
excelência moral relaciona-se com prazeres e dores”
(1104b10).
Educação na medida certa: a conselho de Platão,
e tomando como exemplo a frugalidade espartana, prudente no uso de recursos e
no consumo, aconselha que a moderação seja ensinada desde a juventude, de
forma que, sem excessos ou faltas, possamos nos acostumar com prazeres e dores,
aqueles “que
nos devem causar deleite ou sofrimento” (1104b13),
de forma que saibamos
conduzi-los sempre na medida certa.
O Castigo: “o castigo é uma espécie de cura, e é da natureza das curas
efetuarem-se pelos contrários” (1104b16). E todo “estado da alma tem uma natureza relativa e
concernente à espécie de coisas que tendem a torna-la melhor ou pior” (1104b20). Para que possamos manter atualizada essa potência natural e sermos excelentes
naquilo que temos que realizar, ou seja “como se deve” e “quando se deve” (1104b26), devemos estar sempre atentos ao que é realmente o melhor
em excelência a respeito dos prazeres e dores, sendo os vícios seu contrário.
O impulso: três objetos de escolha instigam os homens: o nobre,
o vantajoso e o agradável; e seus contrários, o vil, o
prejudicial e o doloroso. “Medimos nossas primeiras ações pelo estalão do
prazer e da dor” (1105a5).
Concluindo
1. “A virtude tem que ver com prazeres e dores” (1105a14).
2. “Os atos de onde surgiu a virtude são os mesmos em
que ela se atualiza” (1105a16).
[2] ARISTÓTELES (348-322 a.C). Metafísica : livro 1 e
livro 2 ; Ética a Nicômaco ; Poética ; seleção de textos de José Américo Motta
Pesanha ; trad. Vincenzo Cocco; -- São Paulo : Abril Cultural, 1979. (Os
pensadores); e ZINGANO, Marco. Aristóteles : tratado da virtude moral
; Ethica Nicomachea I 13 - III 8, Obras comentadas. -- São Paulo : Odysseus
Editora, 2008;
Texto Completo: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco.
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