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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Ética a Nicômaco. Liv I, cap 8 - 13: Eudaimonia


Cap. 8 – Felicidade

Felicidade: uma atividade virtuosa, ou seja, contínua, agindo para o bem comum, de imediato!

Divisão dos Bens: Bens interiores (relativos à alma) X Bens exteriores (fortuna)

Bens interiores, relativos à alma (virtudes): certas ações e atividades da alma, necessários: sabedoria prática, sabedoria filosófica, prazer, etc. (coisas boas).

Bens exteriores (boa fortuna): prosperidade exterior, cooperantes e úteis (meios para alcançar a felicidade): riqueza, poder político, nobreza de nascimento, beleza, etc. (coisas úteis).

Felicidade: Boa vida, boa ação. Uma atividade virtuosa: “O homem feliz vive bem e age bem” (1098b20).

 “prazer é um estado da alma, e para cada homem é agradável aquilo que ele ama” (1099a7). Especialmente os prazeres nobres, aprazíveis em si mesmos: o ato justo para aquele que ama a justiça; o ato virtuoso para aquele que ama a virtude.

“A felicidade é a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo” (1099a24).

Cap. 9 – Educar para a felicidade

A felicidade quando não nos é conferida por alguma providencia divina ou pelo acaso, “deve ser adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou por alguma outra espécie de adestramento” (1099b10).

Compartilhando: Essa concepção de felicidade como atividade virtuosa da alma deve ser compartilhada, pois a virtude pode ser conquistada “mediante certa espécie de estudo e diligencia” (1099b20).  

Objeto da Política: legislar esse compartilhamento para o alcance da felicidade: “o objetivo da vida política é o melhor dos fins, e essa ciência dedica o melhor de seus esforços a fazer com que os cidadãos sejam bons e capazes de ações nobres” (1099b30).


Cap. 10 – Felicidade: o caráter permanente da atividade virtuosa

Sólon (-558 a.C), legislador e poeta grego, uma vez questionado por Creso, rei da Lídia, sobre sua felicidade, ouviu deste que era preciso ver o fim para só então declarar a felicidade de um homem. (HERÓDOTO, I, 30)[3].

Aristóteles destaca esse fato, desloca-o do mito, e toma-o como o princípio da análise do termo Sumo Bem, a Felicidade. O objetivo do homem é ser feliz. Nota, então, uma contradição: “um paradoxo flagrante: quando [o homem] é feliz, os atributos que lhe pertencem não podem ser verdadeiramente predicados dele devido às mudanças a que estão sujeitos”. Para Sólon, é preciso uma vida completa para declarar o homem feliz. Aristóteles, não pensa esperar tanto e, ao contrário, presentifica o fato da Felicidade. Felicidade agora. Felicidade ao longo de uma vida inteira. Entende que ao mesmo tempo que esta é capturada, constante, ela também está sujeita a mudança, às influencias da boa fortuna, elementos exteriores (como a riqueza ou a beleza), bens subsidiários, que o filósofo considera como meios para atingir o bem maior, o bem supremo: a felicidade.

Segundo ele, o homem não poderia estar sujeito a todo tipo de sorte, “a sofrer muitas voltas na roda da fortuna” (1100b5). O mesmo homem não pode está hora feliz, hora desgraçado acompanhando os passos de suas próprias vicissitudes. O homem bom age bem. Ele escreve: “o que constitui a felicidade ou o seu contrário são as atividades virtuosas ou viciosas” (...) “nenhuma função humana desfruta de tanta permanência como as atividades virtuosas” (1100b10).  Felicidade: uma atividade virtuosa permanente empenhada na ação ou contemplação. O homem bom é naturalmente focado.

Cap. 11 – A felicidade, amigos e mortos

Esse capítulo faz uma primeira menção a futura questão da amizade: a boa ou má fortuna dos amigos não pode “tornar feliz quem não é, nem roubar a beatitude dos venturosos” (1101b4).


Cap. 12 – Felicidade: “o primeiro princípio e causas dos bens”

Movidos para a felicidade: para Aristóteles, a felicidade é algo maior do que as coisas as quais prodigalizamos louvores. Estes são mais apropriados às virtudes, a exemplo da justiça. Pois é em relação à felicidade que todas as coisas são julgadas; ela “pertence ao número das coisas estimadas e perfeitas” (...); “ela um primeiro princípio; pois é tendo-a em vista que fazemos tudo que fazemos, e o primeiro princípio e causa dos bens é algo de estimado e divino” (1102a).  

"a mediedade é a quididade [essência] da virtude"

Cap. 13 – “Felicidade é uma atividade da alma segundo virtude perfeita”

O Homem Político: deve estudar a virtude da alma acima de todas as coisas; e também à felicidade chamamos uma atividade da alma segundo virtude perfeita; Assim, o político deve estudar a alma, nela, os hábitos dignos de louvor, tendo em vista a felicidade.

Segundo Aristóteles, a alma tem uma parte racional e parte irracional (ou privada de razão); distintas por definição, mas inseparáveis por natureza “como o côncavo e o convexo” (1102a30).  

Do Elemento Irracionalde natureza vegetativa (nutrição e crescimento); e também, já com certa dose de racionalidade, o apetitivo e o desiderativo.

Do Elemento Racional: o princípio racional (uso da razão).

O sensitivo: entre os dois elementos. Este participa, em certa medida, do irracional e do racional. Uma dose de racionalidade impele os sentimentos na direção do bem e para os melhores objetivos. Aristóteles cita o exemplo do homem incontinente impelido para a continência dos seus atos.

Também as virtudes se dividem em virtudes intelectuais (dada ao uso da razão) e virtudes morais (dada às paixões e aos impulsos incognocíveis).



[1] ARISTÓTELES (348-322 a.C). Metafísica : livro 1 e livro 2 ; Ética a Nicômaco ; Poética ; seleção de textos de José Américo Motta Pesanha ; trad. Vincenzo Cocco; -- São Paulo : Abril Cultural, 1979. (Os pensadores).
[2] ARISTÓTELES (348-322 a.C). Metafísica : Trad. Leonel Vallandro ; Intr. David Ross; --Porto Alegre: Ed. Globo, 1969.
[3] HERÓDOTO (638-558 a.C.). História ; trad. Brito Broca; prefácio de Vítor Azevedo. –São Paulo : Ed. W. M. Jackson, 1964.

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